segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Falar verdade a brincar...

Há já alguns dias perguntava-me que andaria a fazer, ou melhor a pensar, a Ministra da Educação. É que tanto tempo sem notícias dessa Senhora quase sempre pressupõe mais uma ideia triste. Parecia que estava a adivinhar e aí está ela a propor que os professores que tenham dado mais de nove faltas justificadas durante um ano, não possam ascender à categoria de professor titular. Portanto, professores de Portugal, vamos lá a tomar vitaminas, fazer uma vida saudável, não engravidar nem ter um acidente. É extremamente recomendavel a qualquer professor que deseje atingir essa categoria, não ir ao médico, não vá ele decidir pela necessidade de uma cirurgia, não fazer sexo, não vá surgir uma gravidez e até respirar em lugares onde existam outras pessoas deve ser evitado, não vá andar por ai um qualquer vírus a pairar no ar. Ir ao Ministério da Educação é totalmente proibido, já que ai existe um com toda a certeza; chama-se Maria de Lurdes Rodrigues.
---------------------------------------------------------------

Alguns comentários ao post do KAOS

Anônimo disse...

O ridículo da situação é que as salas de aula são, exactamente, locais onde, se juntam vários seres humanos, que em determinadas alturas do ano, se tornam propícias à proliferação de virus. Eu que o diga, já que durante o ano lectivo passado surgiu um surto de gripe que se foi alastrando progressivamente pelos garotos e por professores e funcionários. Entre melhorias e agravamentos, comigo a situação manteve-se por Janeiro e Fevereiro.
Faltei apenas dois dias utilizando os dias por conta do período de férias e fui trabalhar muitos, asolutamente congestionada, com a cabeça a rebentar, o corpo dorido e garganta a latejar. Ou seja, bsolutamente disponível e capaz para ouvir crianças barulhentas, organizar ideias, transmiti-las de forma eficaz. Para além de contribuir para a difusão de mais uns virus(zitos).
Ana

Tiago Carneiro disse...

Olá Kaos
Eu sou prof.
Faço 280 km por dia para ir e vir da escola. Em casa corrijo testes, preparo aulas, trabalhos, actividades, visitas. Trabalho em grelhas de avaliações, de faltas, de comportamento. Tudo isto ao fim de um dia que muitos dizem ser de poucas horas de trabalho mas... Eu dava um dedo da mão para ver a Sra. Lurdes a dar uma semana das minhas aulas. Seria de rir. Trabalhar numa escola é das situações mais stressantes que há. Está provado. Só os mineiros nos batem.
Abraço
Tiago


Papoila_Rubra disse...

Infelizmente esta questão merece ser observada com “outro olhar”…

Os chamados “professores efectivos” pertenciam a um quadro que lhes garantia emprego até à reforma.
Agora, os professores são apenas funcionários do Agrupamento a que pertencem.
Em cada Agrupamento está a ser inventada a categoria de “professor titular”, que é a situação alternativa e semelhante à de professor efectivo, mas, num universo de colocação muitíssimo reduzido.

Como se trata de um vínculo, há que inventar e criar milhentos impedimentos, num crivo bastante apertado, que dificulte ao máximo o ingresso no quadro de “professor titular”. Porquê?? Porque com um número reduzido de professores efectivos em cada Agrupamento, o Ministério apenas se sente obrigado a garantir emprego ( ordenado ) a esses…

Em cada ano escolar, perante o nº de turmas formadas , se houver professores excedentes num Agrupamento, ficam mesmo excluídos de funções e progressivamente ( ao fim de 3 anos ) caem redondinhos no desemprego, se entretanto não conseguirem colocação noutro qualquer Agrupamento.

É por isso que, se um professor der mais de nove faltas por ano, candidata-se seriamente a descer o primeiro degrauzinho rumo ao desemprego…

E mais ainda: como todos sabemos, a reforma é obtida em função da conjugação de dois factores: idade + tempo de serviço, previstos por lei.
Em consequência das possíveis irregularidades que poderão acontecer no percurso profissional de qualquer professor “não titular”, já se consegue prever que, apenas um número muito reduzido de profissionais de ensino, conseguirá chegar à idade de uma ansiada reforma, com o tempo de serviço completo, que lhe garanta o direito a essa tal reforma…
Quem tiver a infelicidade de adoecer, ou de lhe adoecer um filho, candidata-se a ter a dupla infelicidade de ter de continuar a trabalhar pela velhice fora, até à véspera ou dia da morte…

A manobra foi arquitectada, lentamente ganha forma e será brevemente posta em prática.

Entretanto, aos professores, cada vez é dada maior sobrecarga, que na prática, funciona como manobra de distracção. E assim super absorvidos e super ocupados com todos os papéis e projectos, infelizmente a maioria do professorado fica tão atordoado que não se apercebe que profissionalmente, ruma para o abismo…






1 comentário:

Anónimo disse...

Agradeço ao Kaos por me ter deixado postar aqui conteúdos e imagens do seu blog.