Algumas poderiam funcionar menos bem; outras funcionavam muito bem ou até de forma excelente. Dou como exemplo desta apreciação a ECAE de concelho de Cascais e a ECAE do concelho de Sintra.
A minha experiência de trabalho e de organização nas equipas referidas foi de adquirir muita formação a partir das propostas práticas, da discussão dos casos, do incentivo a novas aprendizagens, de orientação, da informação sobre livros ou sobre acções de formação específicos.
Para além, obviamente, de ser a partir delas que se definiam os recursos especiais para as respostas educativas necessárias a cada escola.
Acabaram as ECAES, acabou-se a coordenação, e tornaram-se ainda mais escassos os recursos.
Tudo o que é relativo à Educação Especial foi colocado nas mãos dos Conselhos executivos, sem possuírem os requisitos para assumiram tais responsabilidades.
Entregaram-lhes a pasta e a legislação, e agora que se orientem.
Como poderão assegurar tais responsabilidades sem preparação para tal?
Os recursos não cada vez mais insuficientes.
No agrupamento da Conde de Oeiras, há apenas uma psicóloga que está direccionada para a área vocacional. Faltam psicólogos para o acompanhamento psicológico.
A saúde escolar, tão necessária, não funciona. Terapeutas da fala não existem.
Chega-se ao ponto de nos proporem que não entreguemos os relatórios a fundamentar os pedidos de recursos, pois estes não poderão ser satisfeitos.
Somos colocados no agrupamento para responder a todo o tipo de situações, desde as crianças do pré-escolar ao segundo ciclo.
Esta ausência de direcção – na colocação dos professores da Educação Especial – ligada à dependência dos Conselhos executivos, levou muitos colegas, que investiram toda a sua vida profissional na Educação Especial, a voltarem ao ensino regular e, mesmo, a pedirem a aposentação.
Sem recursos, sem espaço para trabalhar, sem coordenação, a prática pedagógica tornou-se muitas vezes numa frustração.
Todos sabemos que este Ensino Especial exige recursos, um empenhamento redobrado e uma grande coordenação dos mesmos. Quando isto é possível, os resultados vêem-se.
Estamos a falar de crianças com deficiência comprovada, mas com muitas capacidades. Crianças que podem ter sucesso, se o investimento correcto se verificar.
Teresa Faria
Docente da Educação Especial
2 comentários:
Isto está pior de ano para ano! Sou terapeuta da fala e sinto-me uma ave rara e ignorada pelo Ministério da Educação...A cada ano que passa as condições são piores, muitos casos, poucos terapeutas e contratos cada vez mais precários para os técnicos! É triste...
ler todo o blog, muito bom
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